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Artigo: A importância de um método de estudos

Estudar menos e com qualidade

22/09/2018 às 21h14 Atualizada em 10/09/2020 às 16h01
Por: Cláudio Bertode
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Artigo: A importância de um método de estudos

Em termos gerais, o que acontece é que dizer que o brasileiro não estuda não é bem verdade. O jovem estudante, desse país, estuda, sim, e muito por sinal. O problema é que estudamos muito, mas sem método e, para piorar; só lembramos de realizar essa tarefa, a qual deveria ser permanente, um dia antes de uma avaliação.

Tenho observado alunos inteligentes não alcançarem bons resultados no Ensino Médio nem um bom desempenho, ao final, em provas de vestibulares e provas como a do Enem; mas quando vamos analisar o caso bem de perto; notamos que durante as aulas o mesmo aluno, embora visto como inteligente, não anota nada. Não usa uma agenda para se organizar, não anota datas de provas, trabalho, as páginas dos exercícios. Não realiza correção. E quando questionado do porquê de não corrigir atividades; o mesmo se sai com a velha máxima: “Eu estou, sim, copiando direitinho a correção que está no quadro professor; pode olhar aqui o meu caderno”. Algum professor que pegar esse caderno para olhar, vai admitir que está tudo “copiadinho” mesmo. Boa caligrafia, e tal, mas vamos encarar os fatos, esse gesto de copiar não é corrigir. Na verdade, a correção é um momento até mais importante do que o momento de fazer o exercícios; é a hora de aprofundar certos conceitos, tirar as dúvidas que devem ser anotadas durante a realização do exercício.

Quando tem o famoso visto em jogo, claro que muitos fazem muito rápido para ficarem livres e fazem sem aproveitar o potencial do exercício.  Esse momento seria para o aluno ler um pouco de teoria; fixar conceitos. Para piorar existem aqueles que não fazem as atividades em casa e durante as primeiras aulas do dia letivo, copiam de um colega. Esse procedimento faz com que o aluno fique em sala só de “corpo presente”, pois perde 50 minutos de explicação, por exemplo de História, para copiar algo de outra disciplina; óbvio que ao pegar o caderno de um colega, atrapalha este também. Quando chegar a hora da correção, claro que não haverá dúvidas, nem haverá interesse por qualquer pergunta que um colega fizer.

Mesmo tendo um calendário de provas, alguns só estudam um dia ou dois antes da data das avaliações; notem que não nos referimos aos coladores (esses teriam de ser tratados em um artigo só para eles). Sem estudo constante é impossível dominar uma matéria, uma vez que não terá tempo para esclarecer pontos mal compreendidos do assunto, a mente vai estar cansada por ter estudado durante muito tempo seguido, vai estar inseguro por ter tantas dúvidas fervilhando.

Abaixo, vamos tentar estabelecer algumas dicas para ajudar a quem queira mudar sua maneira de se comportar como aluno; abrir a mente e aceitar que o método é muito importante para conseguir bons resultados na hora de estudar.

 1. Aproveitar o tempo em sala de aula.

Sala de aula não é lugar para certas posturas; brincadeiras inadequadas, paquerar, humilhar colegas, fazer piadinhas com tudo que o professor ou um outro aluno fala, tentar ser o “bobo da turma” é um perigo para o seu desempenho; o momento na escola é um tempo que merece ser aproveitado. Na verdade,  O professor está ali para orientá-lo, tirar suas dúvidas, mas ele não faz milagres e muitos educadores, acredite, precisam de ajuda para doar o seu melhor. Esse profissional, muitas vezes, tem muito para compartilhar, mas precisa de sua ajuda. De uma maneira lógica, quanto  mais uma pessoa avança no mundo dos conhecimentos, mais ela adquire complexidade em sua linguagem. Um educador que tenha um nível de conhecimento muito grande, pode ter dificuldade de se comunicar com alunos do Ensino Médio. Nesse caso, é preciso estar atento para “sugar” o que de melhor pode ser aprendido com esse orientador. Você pode fazer isso perguntando, trazendo questões que pontos da matéria que você estudou e anotou em casa. Cabe a você e a mais ninguém a tarefa de anotar os pontos importantes destacados em uma aula, prestar atenção na explicação; Lembre-se, muitas coisas ditas em sala é por que o docente acha importante e, lógico, ele vai levar em conta esses pontos na hora de elaborar uma prova, um simulado. Se você não aproveitar esse tempo para aprender a matéria; não terá condições, de sozinho, estudar e aprofundar seus conhecimentos em casa; claro que existem os autodidatas, mas não estamos escrevendo essas dicas para esse tipo de gente assinalada por Deus.

    2. Seja honesto com você mesmo.

Seja honesto. Não tente enganar o professor, enganar a si mesmo ou a seus pais. Ninguém gosta disso; não cole e, se for colar, não seja pego; mas se for pego admita que está errado; seja humilde, não menospreze a inteligência de quem o pegou colando. Peça desculpas depois e, claro, mude sua maneira de agir. Mostre sempre que é capaz de aprender com seus erros.

Quando for fazer um exercício ou um trabalho de pesquisa; tente fazer por si só, pense que está fazendo para seu crescimento intelectual; não copie de um colega só para ganhar visto. Faça cada questão que conseguir e quando surgir uma dúvida, pesquise no livro, pergunte a um colega como fazer; nunca pergunte qual resposta seu colega colocou.

Novamente, pergunte como fazer e nunca como ele fez. Não deixe de tentar, mesmo que ache difícil, anote os pontos que você teve dificuldade e na próxima aula, durante a correção, fique atento, aproveite as respostas dos seus colegas; a dúvida pode ser sua também. Se você já sabe a resposta; não ache seu colega “burro”, não ria por ele ter essa dúvida, todos têm dúvidas, ninguém está imune a elas.

Ainda, no quesito honestidade, nunca, olha que disse nunca; nunca deixe de fazer um trabalho de recuperação. Mais ainda, faça estudando cada ponto do trabalho, pesquise sem preguiça. Se é um trabalho, faça direito, com capa, introdução, desenvolvimento, conclusão; não esqueça a bibliografia. E quando não fizer nada, aceite que vai levar zero. Não peça mais prazo para o professor, uma vez que teve tempo e não tentou, não teve responsabilidade para tentar cumprir. Não diga que esqueceu em casa, que o cachorro comeu, que teve de viajar, que não veio à aula na semana anterior. Não afirme que vai entregar à tarde ou que sua internet estava estragada, e não diga que não deu conta de fazer. Isso vai apenas, ou no máximo, deixar seu professor irritado e ele, além de zerar seu trabalho, vai dar um conceito menor a você (um conceito negativo, às vezes, é pior do que uma nota zero). Na vida,  todos têm um conceito sobre você. Pense, que conceito você teria sobre uma pessoa que brinca durante as aulas, copia tarefa dos colegas, não estuda para provas e tenta colar, que não faz os trabalhos em casa e vem copiá-los de um colega durante as outras aulas?

 3. Não estude apenas em cima da hora; essa tarefa tem de ser diária.

Estudar durante um dia inteiro ou dois (alguns alunos, cabulam aula para estudar para alguma prova marcada para o outro dia) não pode ser nem levado em conta. Muitos pais, distraídos, dizem que o filho estuda e estuda (“_Professor, eu não entendo, ele estuda tanto. Ele passou a tarde toda estudando para sua prova”), mas não aprende; sempre sai mal nas provas. Bom, isso é simples, esses pais precisam, também, de orientação antes de ajudar a orientar seus filhos a respeito de estudos. É preciso entender que estudar tem de ser organizado e é um processo que começa quando o professor explica o início da matéria. É necessário começar a estudar desde aquele momento. Se não for assim; é impossível ter bons resultados. Tentar estudar matéria de um bimestre todinho em dois dias chega a ser loucura (pais entendam isso!) e, sem falar, que é humanamente impossível. Para ter uma boa preparação, temos de estudar em pequenas doses. Estudar todo dia, constante; estipulando horários, tanto para estudar cada disciplina, quanto para descansar a mente.

Normalmente, não podemos ultrapassar duas horas de estudos seguidas; por isso de duas em duas horas é preciso um intervalo. Descansar a mente, relaxar, cabeça cansada não aprende. Ficar horas e horas seguidas faz mal e não dá resultado. Temos de fazer uma grade com todos os horários disponíveis e nesse horário colocarmos tempo para cada matéria, tempo para descanso, etc.

4. Cuidado com o computador.

Horas demais em frente ao computador é algo prejudicial para qualquer um que esteja estudando. Partindo do que dissemos, que é preciso descanso e intervalos para a mente relaxar, voltar ao normal; como poderíamos ter bom resultado em nossos estudos se no período de descanso estamos na frente de um PC? Claro que seu cérebro vai quase surtar. O rendimento mental vai ser horrível. Estabeleça no seu tempo um horário para ficar no computador, claro, você é jovem, é preciso “curtir” a internet, ficar “antenado” em tudo que acontece; ler um artigo, as notícias, bater papo com os amigos; mas não fique o tempo todo na frente da tela. Estudar e manipular facebooks, msns etc, é algo muito prejudicial.

Estudos comprovam que o efeito desse sistema é, para os neurônios, algo parecido com os efeitos de uma droga. Ou seja, vamos ficando cada vez mais lentos para pensar. Claro que é diferente da droga, pois basta, com um pouco de força de vontade,  estabelecermos em nosso cronograma horários estratégicos para ficarmos no computador, e seguir apenas o horário que foi planejado, que logo voltamos a ter um bom rendimento intelectual.

 5. Dormir em horários determinados.

Um estudante não tem o privilégio de ficar até altas madrugadas acordado; em hipótese alguma ficar na frente do computador até o dia amanhecer. Esse procedimento gera alunos que normalmente dormem em sala de aula, ficam com dificuldade de concentração, ficam stressados, pois quem dorme pouco é, geralmente, uma pessoa nervosa.

6. Aprender a administrar o tempo.

A melhor forma de não desperdiçar seu tempo que, provavelmente, não deve ser muito, é montar uma tabela para descobrir quantas horas você realmente tem por dia para se dedicar a seus estudos. Claro que é preciso fazer um diagnóstico pessoal antes de realizar essa tarefa.

Nesse diagnóstico, leve em conta seu desempenho nas provas, simulados, exercícios. Descobrir seus pontos fortes e seus pontos fracos é essencial para um autoconhecimento. Por exemplo, quais matérias você tem mais facilidade? Quais áreas do conhecimento você menos domina? E assim por diante.

Depois desse levantamento, que não preciso dizer que tem de ser algo muito honesto e sério ao ser realizado; é o momento de descobrir quantas horas durante a semana podem ser usadas para estudos. Uma boa dica é dividir a semana em seis dias. Deixe, claro, um dia para descanso, um dia que será só seu, sem preocupações, para a família, para os amigos, para o que seja, mas que não seja para preocupações com estudos etc.

Feita essa divisão, agora é a hora de escolher a matérias que serão estudadas diariamente. Uma boa opção é estudar apenas três matérias por dia. Lembrando que se deve intercalar, humanas, exatas e biológicas. Nunca estudando áreas afins num mesmo dia, uma vez que cansaria muito mais sua mente. Intercale ao período de estudos, intervalos para descanso. Leve a sério essa tarefa, esse é o seu trabalho. É sua obrigação. Sinta-se culpado quando quiser deixar para outro dia algo que estava programado para hoje. Não, é agora, é o horário que você estabeleceu. Não faça por que seus pais esperam isso de você, nem por que seus professores cobram; faça por você, tenha objetivos pessoais. Lembre-se. o Ensino Médio passa rápido. Seu trabalho vai ser recompensado. Seu poder de escolhas e oportunidades serão muito maiores. Mesmo que no final do Ensino Médio não consiga entrar no curso que você escolheu (Embora, com um pouco de dedicação, claro que irá alcançar seus objetivos). Mas, se não conseguir, lembre-se que cursinho só tem sentido para quem estudou e faltou um pouquinho para conseguir. Cursinho não é um lugar onde uma pessoa que nunca estudou entra para aprender em três ou quatro meses o que não aprendeu nos três anos que deveriam ter sido de estudos.

Claro que essas dicas não são definitivas e muito mais coisas poderão ser acrescidas em outras oportunidades. E, ainda, não deixe de ouvir os conselhos e algumas dicas de quem já passou por tudo isso. O importante é focar na melhor forma de como você pode ganhar tempo, ou seja, estudar menos, melhorar seus resultados nos finais de cada bimestre e ainda conseguir, de quebra, uma boa formação no fim do Ensino Médio. Garanto que mudando seus hábitos, terá mais segurança, mais tranquilidade, menos ansiedade e lógico: os bons resultados virão e os elogios também; tanto dos professores quantos dos pais em casa.

 

Por Cláudio Bertode

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