Desde criança Carol de Santa Fé gostava de brincar na estação ferroviária, mesmo bem pequena, via a estação como uma amiga, todas as crianças têm seus momentos de amigos imaginários, a estação até ganhou um nome, Daidra. O tempo foi passando e Carol cada vez mais envolvida com os estudos, nem foi muito de namorar, preferia deixar esses relacionamentos para depois da faculdade, terminou a faculdade, mas ainda precisava se ingressar no mercado de trabalho. Daí veio o sonho de ter uma casa, depois comprar seu carro, e tempo vai, tempo vai, porque o tempo nunca vem, ele só vai e vai, resultado, numa tarde de 2011, Carol de Santa Fe, se viu com 45 anos, solteira, e se viu mulher e plena, querendo encontrar sua cara metade.
Foi nesse dia que encontrou novamente sua amiga de infância e as duas se olharam, relembraram as brincadeiras, as duas sentiram algo muito maior que amizade, resolveram dar um passo a mais na relação, sim, começaram a namorar. Sim, Carol começou a namorar uma estação ferroviária, e logo vieram planos para o próximo passo: o casamento.
Hoje, Carol é uma mulher que assumiu seu amor, e se assumiu para o mundo, ela é uma pessoa que é atraída sexualmente por objetos inanimados e construções. Ela nem sabia que isso existia, mas sentia, claro, ela agora sabia que sempre foi atraída pela estação. E com uma boa pesquisa no google ela teve plena certeza de que estava apaixonada por um prédio.
Todos os dias ela viaja 45 minutos e vai visitar sua esposa, e nessas visitas ela diz que se sente plena, não precisa de mais nada nessa relação. E para quem ficar maldizendo, Carol não fez sexo físico com a estação em público, ela é respeitosa e apenas faz isso mentalmente. Quando chega diz olá, e dá uma volta no quarteirão, que ela não quer que os outros pensem que ela está falando sozinha. Antes de ir embora, ela beija a parede da estação, abraça suas colunas e naquele instante ela se sente plena, abraçada, beijada, amada como nenhuma outra mulher sentiu.
E quem pode culpar Carol de Santa Fé? Quem pode nos condenar pelas coisas que amamos? Eu por exemplo, nunca assumiria que cheiro todos os livros que eu pego. E se alguém contar, eu nego. Que Carol e sua estação sejam felizes para sempre...
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